Em um cenário de facilitação do crédito e aprovação quase instantânea, alto custo do crédito pode passar despercebido. Antes de se render à tentação de contratar um empréstimo para uma compra imediata, é essencial compreender as implicações financeiras de longo prazo e proteger a saúde do seu orçamento.
O mercado de crédito brasileiro se expande constantemente. Em apenas sete dias, o programa "Crédito do Trabalhador" concedeu mais de R$ 1,28 bilhão em empréstimos, totalizando 193.744 contratos com valor médio de R$ 6.623,48 cada, parcelados em 19 meses.
Em março de 2025, o aplicativo Carteira de Trabalho Digital registrou mais de 15 milhões de simulações de empréstimos pelo app e 1,58 milhão de solicitações de proposta às instituições financeiras. Para empresas, o crédito ampliado atingiu R$ 6,7 trilhões em maio, cerca de 55% do PIB.
As taxas de juros praticadas em modalidades como cartão de crédito rotativo chegaram a 169% ao ano em 2017. Nesse mesmo ano, as famílias brasileiras destinaram 9,56% da renda apenas ao pagamento de juros, quase o dobro do índice de 2005.
O governo recomenda que nenhuma parcela de empréstimo consignado comprometa mais de 35% do salário. Mesmo assim, o comprometimento excessivo da renda ocorre quando consumidores buscam crédito para retirar um alívio momentâneo, sem avaliar o impacto real no mês seguinte.
Recorrer a um empréstimo para compras não essenciais pode gerar um ciclo de dependência: juros altos reduzem o poder de compra futuro, obrigando o consumidor a buscar novas linhas de crédito para saldar dívidas antigas.
O crédito no Brasil tem comportamento pró-cíclico: aumenta em períodos de prosperidade e agrava crises em recessão. Esse fenômeno reforça o ciclo de dependência de crédito que prejudica a estabilidade financeira de muitas famílias.
Empréstimos devem ser usados para emergências reais ou investimentos com retorno futuro, como educação ou aquisição de imóveis. Usar crédito para supérfluos raramente vale a pena perante o alto custo do crédito e o acúmulo de juros.
Autoridades financeiras reforçam: “O trabalhador precisa ter cautela, analisar as melhores propostas e não fazer um empréstimo desnecessário”. A liquidez fácil, proporcionada por aplicativos, pode estimular decisões impulsivas sem reflexão.
Evitar empréstimos para consumo imediato é um passo fundamental rumo à liberdade financeira. Ao adotar hábitos conscientes e buscar conhecimento sobre taxas e impactos, você mantém o controle do seu orçamento e constrói um futuro mais estável.
Valorize o poder da paciência: espere condições mais favoráveis, compare propostas de forma criteriosa e fortaleça sua tranquilidade financeira. Assim, você transforma desafios em oportunidades de crescimento e segurança.
Referências